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A irmanização ou a irmandade é um dos mais esplêndidos valores humanos que o Islam estabeleceu para a proteção do sistema social.
Lee Atwater[1], um das referências destacadas da administração do presidente Reagan[2], escreveu na revista life (mês de feveireiro 1991): “... A minha doença me ajudou a perceber que o que estava perdido na sociedade estava perdido dentro de mim também: um pouco de amor e carinho, e um pouco de irmandade...”[3].
A irmanização ou a irmandade é um dos mais esplêndidos valores humanos que o Islam estabeleceu para a proteção do sistema social. Ela é que faz da sociedade uma união coesa, é um valor que não existe em qualquer sociedade, nem antigamente nem atualmente. Ela significa: “que as pessoas vivam na sociedade amando uns aos outros, auxiliando uns aos outros, inter relacionados, reunidos pelo sentimento de uma só família, cuja parte dela ama a outra parte e a fortalece, cada um sente que a força de seu irmão é uma força para si, e que a fraqueza dele é uma fraqueza para si, e que ele é pouco sozinho, mas é forte junto de seus irmãos”[4].
Muitos são os textos que indicam o requinte deste valor e demonstra a sua importância e influência na construção da sociedade islâmica. Os textos também incentivaram tudo que fortifica a irmandade e proibiram tudo que a enfraquece. Allah, o Altíssimo, determinando a relação da irmandade com a crença, disse: [Os crentes são tão somente irmãos] (Al Hujurat: 10). Esta determinação ocorre sem consideração de raça, cor ou descendência. Desta maneira, se uniram e se irmanizaram Salman, o persa; Bilal, o abissínio; e Suhaib, o romano aos seus irmãos árabes.
O Alcorão Sagrado também caracterizou esta irmandade como uma graça de Allah: [E lembrai-vos da graça de Allah para convosco, quando éreis inimigos e Ele vos pôs harmonia entre os corações, e vos tornastes irmãos, por Sua graça] (Ali Imran: 103).
E eis o mensageiro (a paz esteja com ele), depois de sua emigração a Madinah – quando se deu início a sociedade muçulmana – iniciou, imediatamente após a construção da mesquita, com a irmandade entre os muhajirin (imigrantes) e os anssar (socorredores). O Alcorão Sagrado registrou esta irmandade que deu o magnífico exemplo de amor e harmonia. Disse Allah, o Altíssimo: [E os que habitaram a morada e abraçaram a fé, antes deles, amam os que emigraram para eles, e não encontraram em seus peitos cobiça do que lhes foi concedido. E preferem-nos a sim mesmos, memso estando em necessidade] (Al Hachr: 9).
E demonstrando uma imagem destes esplendidos exemplos de amor e desprendimento por causa desta irmandade, um irmão dos anssar oferece ao seu irmão a metade de sua riqueza e uma de suas duas esposas, para ele desquitar-se dela! Anass ibn Malik narra que Abdur rahman ibn Áuf chegou a Madinah, então o profeta (a paz esteja com ele) “irmanizou” entre ele e Saad ibn Arrabií Al Anssari, então este ofereceu a ele dividir sua família e sua riqueza com ele pela metade. Então, Abdurrahman disse: “Que Allah abençoe a tua família e a tua riqueza. Me guie ao mercado...”[5].
Por causa da grande missão da irmandade na construção da sociedade, a advertência de Allah sobre toda ação que possa comprometer a irmandade muçulmana é clara e evidente. Por isso, disse Allah, o Altíssimo, proibindo a arrogância e a zombaria: [Ó vós que credes, que um grupo não escarneça de outro grupo – quiçá, este seja melhor que aquele -, nem mulheres de mulheres – quiçá estas sejam melhores que aquelas ...] (Al Hujurat: 11). Também proibiu a exposição dos defeitos e a ostentação com a descendência, dizendo: [E não vos difameis mutuamente, e não vos injurieis com apelidos depreciativos. Que execrável a designação de perversidade, depois da fé! E os que não se arrependem, esse são os injustos] (Al Hujurat: 11). Também proibiu a maledicência, a fofoca e a desconfiança, que são dos piores fatores de destruição das sociedades. Disse Allah, o Altíssimo: [Ó vós que credes, evitai muitas das conjecturas. Por certo, uma parte das conjecturas é pecado. E não vos espieis. E não faleis mal, uns dos outros, pelas costas. Algum de vós gostaria de comer a carne de seu irmão morto? Pois, odiá-la-íeis! E temei a Allah. Por certo, Allah é Remissório, Misericordiador] (Al Hujurat: 12).
E se ocorrer um desentendimento ou distanciamento, o Islam buscou incentivar tudo que une entre os corações e fortifica a união através do convite à conciliação entre os oponentes. O profeta (a paz esteja com ele) disse: “Quereis que vos informe um nível melhor que o nível do jejum, oração e doação?! Disseram: Sim, ó mensageiro de Allah. Disse: “A conciliação! E a discórdia aniquila”[6].
Ainda mais, o Islam permitiu a mentira para a conciliação entre dois oponentes porque isso dá força para a sociedade muçulmana e evita que ela se divida. O profeta (a paz esteja com ele) disse: “O mentiroso não é aquele que concilia entre as pessoas, difundindo o bem ou dizendo o bem”[7].
Além disso, o Islam dispôs sobre a irmandade uma série de direitos e deveres que são cumpridos por todo muçulmano de acordo com esta relação, sendo ele encarregado de cumpri-los considerado-os uma dívida sobre a qual será julgado e uma responsabilidade que deve ser realizada. O profeta (a paz esteja com ele) esclareceu isso ao dizer: “Não invejais uns aos outros, não incentiveis o mal e a discórdia, não odieis uns aos outros, não dei as costas uns aos outros, que ninguém venda sobre a venda de outro (vender anulando a venda de outra pessoa), e sejeis, servos de Allah, irmãos. O muçulmano é irmão do muçulmano, não o injustiça, não o desaponta, não o menospreza; a piedade está aqui – e apontou ao seu coração três vezes -, suficiente maldade tem quem menospreza seu irmão muçulmano. Todo muçulmano perante outro muçulmano é sagrado: seu sangue, seus bens e sua honra”[8].
Sobre o dizer do profeta (a paz esteja com ele): “e não o desaponta”, os sábios disseram: “O desapontamento é deixar de auxiliar e apoiar, e significa: se ele pedir o seu auxílio para a defesa de uma injustiça e tarefa similar, é seu dever auxiliá-lo se ele puder, e não tiver um argumento legal”[9].
Disse Anass: Disse o mensageiro de Allah (a paz esteja com ele): “Socorra o seu irmão, seja ele injusto, seja injustiçado”. Um homem disse: Ó mensageiro de Allah, o socorrerei se estiver sendo injustiçado. Mas se estiver sendo injusto, como irei socorrê-lo? O profeta (a paz esteja com ele) respondeu: “O proíbe de ser injusto. Este é o seu socorro”[10].
Então, conseguimos encontrar uma sociedade humana que é forte o bastante para obrigar cada indivíduo a andar por causa da necessidade de seu irmão? A apoiá-lo se for injustiçado? A impedi-lo de cometer a injustiça se for injusto?!
Isto só ocorre na sociedade muçulmana, onde existe este alto nível de irmandade e unidade de sentimento, onde cada indivíduo trabalha para aliviar a ángustia de seu irmão e solucionar os seus problemas, tem com ele atitude de apoio e auxílio, nunca atitude de inveja e ódio e sempre está munido de positivismo. Assim, a irmandade é a base e o título da construção e da coesão da sociedade muçulmana.
[2] Ronald Reagan (1911 – 1989): 40º presidente americano no período (1981 – 1989). Era um ator coadjuvante fracassado antes de iniciar sua vida política. Foi um presidente querido e popular. Foi reeleito com maioria absoluta em 1984.
[3] Transferido de Abdul Hayi Zallum: O Novo Império do Mal, p. 397.
[4] Yussuf Al Qardhaui: Malamih Al Mujtama’Al Muslim Allazhi Nanshuduhu (As marcas da sociedade muçulmana que almejamos) p 138.
[5] Al Bukhari: kitab fadhaíl Al Sahabah (Livro das Virtudes dos Sahabah) (3722), Al Tirmizhi (1933), Annassaí (3388) e Ahmad (129990.
[6] Abu Daud: Kitab Al Adab (4919), Al Tirmizhi (2509), Ahmad (27548). Autenticado por Al Albani, veja: Sahih Al Jami’(2595).
[7] Al Bukhari da narração de Um Kalthum Bin Úqbah: Kitab Al Sulh (Livro da Conciliação) (2546), e Muslim: Kitab Al-Birr Was-Silah- wal-Adab (O livro das virtudes, boas maneiras e união dos laços de parentesco) (2605).
[8] Muslim, da narração de Abu Hurairah: Kitab Al-Bir Was-Silah- wal-Adab (O livro das virtudes, boas maneiras e união dos laços de parentesco) (2564), Ahmad (7713) e Al Baihaqi em sua obra Al Sunan Al Kubra (11830).
[9] Al Minhaj Fi Sharh Sahih Muslim Ibn Al Hajjaj (O Sistema na Interpretação da Coletânea de Muslim Ibn Al Hajjaj) 16/120.
[10] Al Bukhari: Kitab Al Ikrah (Livro da Coesão) (6552), Al Tirmizhi (2255), Ahmad (11967) e Al Darimi (2753).
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