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Nas linhas abaixo, iremos conhecer alguns aspectos do progresso e da civilização na Andaluzia, em geral, e da cidade de Córdoba, em particular, para descobrirmos a contribuição islâmica para a história humana.
Nas linhas abaixo, iremos conhecer alguns aspectos do progresso e da civilização na Andaluzia, em geral, e da cidade de Córdoba, em particular, para descobrirmos a contribuição islâmica para a história humana.
1 - Arcada de Córdoba
Foi um dos marcos mais importantes da cidade de Córdoba, localizada no rio Guadalquivir (Al Wadi Al Kabir), e ficou conhecido como “al-Jisr” (a ponte) e “Qantarat ad-Dahr” ou (arcada da era). Tinha 40 metros de comprimento aproximadamente, 40 metros de largura e 30 metros de altura!
Ibn al-Wardi e al-Idrisi testemunharam É a arcada que superou outras arcadas em sua construção e perfeição[1]. Ela tinha 17 arcos com 12 metros de distância entre si, cada arco tinha 12 metros de diâmetro e 7 metros de largura, e15 metros sobre a superfície do rio[2].
Essas dimensões pertencem a uma arcada construída no início do segundo século Islâmico (101 dH), ou seja, cerca de 1400 anos atrás, por As-samh ibn Malik Al-Khawlani, o então governador da Andalusia, nomeado pelo califa muçulmano Umar ibn Abdul Aziz. Isso significa que ela foi construída numa época em que os cavalos, mulas e burros eram as únicas formas disponíveis de transporte, e os métodos de construção civil não eram tão avançadas quanto hoje. Isso simplesmente faz com que a Arcada de Córdoba seja um dos marcos mais proeminentes e uma das fontes de orgulho da civilização muçulmana.
2- A Grande Mesquita de Córdoba
Al-Jami al-Kabir, ou a Grande Mesquita de Córdoba, é uma das marcas mais importantes de Córdoba, e seus monumentos permanecem até hoje. Em espanhol é chamado de “Mezquita” – que é uma transformação da palavra árabe “Masjid”. Foi a mais famosa mesquita da Andalusia (dado o fato de que ela foi transformada em uma catedral). Também foi uma das maiores mesquitas na Europa! Sua construção foi iniciada por Abdul Rahman Ad-Dakhil em (170 dH - 786 dC) e, mais tarde, por seu filho Hisham I. E cada novo califa adicionava a área e a ornamentação da mesquita, tornando-a a mais bela mesquita de Córdoba e uma das maiores mesquitas do mundo no momento.
Descrevendo a mesquita, o autor do livro Al-Raudh Al-Mi'tar diz Está localizada em Córdoba a famosa mesquita, uma das mesquitas mais belas do mundo em termos de área, perfeita execução, bela e perfeita construção, os califas Marwanis se preocuparam com ela, e sempre executaram ampliações e acabamentos nela, aumentando a sua beleza e perfeição. Ela atingiu um nível de perfeição absoluta que intriga os olhares e é impossível de descrever. Não há entre todas as mesquitas dos muçulmanos mesquita igual em termos de ornamentação, comprimento e largura 180 côvados[3], a sua metade é coberta e a outra metade limite máximo é uma área sem teto. Ela tem 14 arcos em sua parte coberta, e as colunas de seu teto, incluindo as colunas de suas cúpulas, pequenas e grandes, e as grandes colunas da qiblah e suas adjacentes são 1000 colunas. Tem 113 lustres, o maior deles carrega mil lâmpadas e o menor doz. Todos os seus trabalhos em madeira são feitas a partir de pinheiros tartushi[4]. Seu teto tem uma variedade de ornamentações que não se assemelham umas às outras, perfeitamente organizadas e excelentemente coloridas em vermelho, branco, azul, verde e azul escuro, tornando-se um local que atrai os olhos e tranquiliza as almas com a perfeição de seus desenhos e com a variedade de suas cores. Cada uma dos azulejos de seu teto mede 33 “shibr”[5], entre uma coluna e outra há 15 “shibr”, e cada coluna tem um vértice de mármore e uma base de mármore.
A qiblah da mesquita (em direção à qual os muçulmanos rezam) tem uma forma magistral que ninguém pode descrever. Sua perfeição deslumbra as mentes. Tem mosaicos dourados e cristais enviados pelo líder de Constantinopla para Abdul Rahman Al Nassir Lidinillah. Em ambos os lados do nicho de oração, existem quatro colunas Dois em verde, e dois bicolores de brilho metálico. Eles são de valor inestimável. Na parte superior do nicho de oração há uma grande laje de mármore decorada artisticamente e moldado com ouro e outras cores bonitas. E ao redor do nicho de oração há uma paliçada de madeira, contendo vários ornamentos maravilhosos, e no lado direito do nicho de oração temos o púlpito, que não tem igual na Terra, feito de madeira de ébano, “baqs” e “úd al majmar”. Relata-se que o púlpito levou sete anos para ser fabricado, por 6 homens, fora as pessoas que os servia!
No lado esquerdo do nicho de oração há uma casa com kits e lavadouros feito de ouro e prata, onde são acesas velas na noite do 27º dia do mês de Ramadan. Há uma cópia do Alcorão Sagrado, que é tão pesada que dois homens são necessários para levantá-la. Essa cópia contém quatro páginas da cópia de Othman ibn Affan do Alcorão Sagrado, que ele mesmo escreveu, e contém uma gota de sangue dele. Essa cópia do Alcorão Sagrado é retirada a cada manhã por um grupo de pessoas que trabalham na mesquita. Sua tampa é gravada com maravilhosos ornamentos e é colocado numa cadeira especial para o imam recitar meio Hizb[6] e, em seguida, é levado de volta ao seu lugar.
No lado direito do nicho de oração e do púlpito há uma porta que conduz ao palácio entre as duas paredes da mesquita, num corredor interligado que tem oito portas, quatro delas são fechadas do lado do palácio e outras quatro portas se fecham do lado da mesquita. A mesquita tem 20 portas revestidas com cobre e cobre metalizado e em cada portão, existem dois magníficos anéis.
No lado norte da mesquita existe o minarete com a sua forma extraordinária e nobre função, cuja altura é de cem braços, dos quais oitenta braços chegam até o ponto onde o muezzin (que faz o chamamento para a oração) fica. Há duas escadas para o minarete uma no lado oeste e outra no leste. Se duas pessoas sobem, apenas se encontram no topo do minarete, a face do minarete é coberta com pedra ornamentada desde o chão até o topo, com tipos de enfeites e escrita
Nas quatro faces arredondadas deste minarete há duas filas de arcos de forma arredondada e uma casa de quatro portas fechadas, onde dois muezzins permanecem durante a noite. No topo do minarete que está em cima da casa há três maçãs de ouro e duas maçãs de prata e folhas “suasaniyah”, a maior destas maçãs pode conter 60 ratls[7] de óleo. Um total de 60 homens trabalham na mesquita sob um supervisor[8].
Ibn Al Wardi disse quase o mesmo em seu livro “Kharidat al-'Aja'ib wa faridat al-Ghara'ib” (A pérola das excêntricas e a singular maravilhas) “A área da mesquita era cheia de laranjeiras e romaneiras para as pessoas com fome e os visitantes da cidade que vinham de várias partes. O que é lamentável e arranca lágrimas dos olhos é que esta magnífica mesquita, após a queda da Andalusia, foi convertida em uma catedral, e se tornou filiada à igreja, mas com o mesmo nome. O alto de seu minarete foi convertido em uma torre de sinos da igreja, tendo em vista a ocultação de seu estilo islâmico. As suas imunes paredes ainda trazem gravuras corânicas que refletem o gênio artístico raro e, atualmente, a mesquita é um dos mais famosos pontos históricos do mundo.
3- Universidade de Córdoba
A adoração não foi a única função na Grande Mesquita de Córdoba. A mesquita foi também uma grande universidade - uma das academias mais prestigiadas do mundo na época e o maior centro acadêmico na Europa. Era a porta através da qual as ciências árabes foram transferidas para países da Europa durante muitos séculos. Todos os tipos de conhecimento foram ensinados nas mãos dos maiores professores. Era a Meca dos estudantes em torno dos quatro cantos do globo, muçulmanos ou não muçulmanos. As seções de ensino e encontros de esclarecimento tomavam mais da metade da mesquita. Sheikhs eram bem remunerados, a fim de incentivá-los a dedicar-se às aulas e à compilação. Também foram dedicadas recompensas aos estudantes, bem como ajudas a pessoas carentes. Isso ajudou a enriquecer a vida científica e acadêmica naquela época e naquele ambiente. Córdoba formou para os muçulmanos e para o mundo um grande número de estudiosos e cientistas em todas as áreas do conhecimento, entre eles Al Zahrawi (325-404 dH-936-1013 dC), o mais cirurgião, médico e farmacologista; Ibn Baja, Ibn Tufail, Muhammad al Ghafiqi (um dos fundadores da oftalmologia), Ibn Abd al Bar, Ibn Rushd, Al Idrissi, Abu Bakr Yahia ibn Sa'adun ibnTammam Al Azdi, al Qadhi Al Qurtubi Al Nahawi, Hafidh Al Qurtubi, Abu Ja'afar Al Qurtubi e muitos outros.
[1] Ibn al-Wardi Kharidat al-'Aja'ib wa faridat al -Ghara'ib, p 12, al-Idrissi Al Idrissi Nuzhat al-Mushtaq Fi Ikhtiraq al-Afaq 2 579.
[2] Al-Maqri Nafh Al Tib, 1 4820.
[3] Côvado em árabe “ba’”, medida retirada da distância entre o cotovelo e as pontas dos dedos, corresponde a 18 polegadas ou 52,4 cm.
[4] Um tipo de madeira.
[5] Medida que equivale a seis dedos. Chega a aproximadamente 15,45 cm. Ou seja 33x15,45=509,85 cm.
[6] Hizb uma deteminada divisão do Alcorão Sagrado. O Alcorão foi dividido em 30 juz’ (partes), e cada juz’foi dividido em dois hizb. E assim, é usado como medida, dizendo-se por exemplo Li um hizb, ou meio hizb, ou um quarto de hizb. Nas cópias do Alcorão impressas atualmente pelo Complexo do Rei Fahd para a impressão do Nobre Alcorão, cada hizb está distribuído em aproximadamente dez páginas, totalizando 604 páginas.
[7] Uma medida que varia dependendo do país, varia de o equivalente a 382 grs no Iraque, a 1785 gras na Síria.
[8] Al Himiari Al-Raudh Al Mi'tar (O Livro do Jardim Perfumado) 1 456, 457.
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