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A palavra filosofia é originalmente uma palavra grega. É constituída de duas partes (philien), que significa (amar), e (sophia), que significa (sabedoria).
A palavra filosofia é originalmente uma palavra grega. É constituída de duas partes (philien), que significa (amar), e (sophia), que significa (sabedoria). Portanto, o filósofo é uma pessoa que ama a sabedoria, ou é (o amante da sabedoria)[1].
Os filósofos muçulmanos colocaram muitas definições para a filosofia, uma delas foi a definição de Al-Kindi, na qual ele disse É o conhecimento das coisas como elas são na realidade, de acordo com a capacidade humana, porque o propósito de um filósofo em seu conhecimento é alcançar a verdade, e em seu trabalho é trabalhar com base na verdade[2].
A ciência da filosofia apareceu e foi conhecido pelos muçulmanos somente após a atividade de tradução, mais especificamente na primeira época abássida. A existência dos livros de filósofos gregos, que eram amplamente difundidos no Mediterrâneo, entre Alexandria, Antioquia e Harran, abriu o caminho para que isso acnteça. Além disso, Al-Mamun escrevia para os reis romanos, os bizantinos, para ter acesso aos livros e manuscritos, especialmente os livros de filosofia, pois Constantinopla, a capital dos romanos, era conhecida como a cidade da sabedoria[3].
Os romanos enviaram livros de filosofia e outras matérias para Al-Mamun e tradutores especializados responderam ao pedido de Al-Mamun e os traduziram para o árabe ou transferiram seus textos por meio de traduções siríanicas, porque os siríanicos tinham traduzido muitos livros sobre filosofia grega antes da chegada dos muçulmanos. Seus tradutores mais famosos foram Sergio, Sofrônio, e Sawiris[4].
Logo após a filosofia grega ser traduzida junto com outras ciências gregas e tornar-se acessível para os muçulmanos, os estudiosos muçulmanos divergiram em suas posições sobre a filosofia grega. Alguns deles teve total rejeição e oposição e acreditou que era uma porta para a desorientação e a corrupção. Essa foi a posição jurisprudentes mais duros. Outros tomaram uma linha moderada, com base na crítica e analítica, absorvendo dela o que eles acreditavam que era certo e rejeitando o que eles acreditavam que era errado. Essa foi a postura dos “Mu'tazilah” e muitos dos “Asha’irah”, como Al-Ghazali, que estabeleceu uma distinção entre três partes da filosofia grega A parte que deve ser considerada descrença, uma parte que deve ser considerada Bid'ah (inovação indesejável na religião), e uma parte que, originalmente, não deve ser negada[5]. Outros estudiosos admiraram e apreciaram a filosofia grega e se dedicaram ao seu estudo, tentaram imitá-la e escrever conforme sua linha. Essa foi a posição de Al-Kindi e seus seguidores[6]. Alguns estudiosos muçulmanos, no oriente árabe ou no ocidente e na Andaluzia, dedicaram parte de sua atenção para a filosofia grega, como mostra o exemplo acima referido, e expressaram sua forte admiração para com ela. No entanto, eles não eram, como alguns orientalistas tentaram retratá-los, detentores de mera herança grega ou uma mera ponte sobre a qual este patrimônio passou da Grécia antiga à Europa nos tempos medievais e nos tempos que vieram depois.
Qualquer pessoa que estuda a herança de Al-Kindi, Al Farabi, Ibn Sina ou Ibn Rushd, por exemplo, vai descobrir que estes filósofos, mesmo em sua explicação e resumo da filosofia grega, tinham sua própria contribuição inovadora que revela o seu pensamento inédito . Este é um fato inegável. Ele pode ser negado apenas por aqueles que têm profundas raízes do fanatismo detestável e ódio contra tudo o que é oriental ou islâmico. Talvez um dos aspectos mais marcantes da originalidade dos filósofos neste domínio torna-se claro no resultado das suas tentativas de conciliação entre a filosofia e a religião, ou entre a mente e a revelação. Essas tentativas foram precedidos por outros esforços para reconciliar Platão (427-347 aC), que tinha uma tendência idealista sufi, como foi entendido, e Aristóteles (384-322 aC), que adotou uma abordagem racional[7].
As contribuições dos estudiosos muçulmanos na ciência da filosofia se revelaram claramente na resposta às informações contidas nos livros e escritos gregos, na correção de seus erros, na ligação dos conhecimentos dispersos e fragmentos distantes contidos em seus extremos, adição de explicações suficientes e, em seguida, adição de novas informações que os eruditos muçulmanos descobriram e que ninguém das gerações antigas conheciam. Isso resultou na diversificação dos campos do pensamento filosófico no Islam, dos quais os mais importantes a ciência da teologia, o sufismo, a filosofia islâmica pura. E a seguir, um breve resumo sobre cada um deles
1 - Ciência da teologia (Ilm al-Kalam)
Esta ciência é considerada um dos primeiros frutos do pensamento islâmico. Como Ibn Khaldun definiu, a ciência da teologia é uma ciência que contém os argumentos das crenças islâmicas com provas racionais e respostas aos inovadores desviados[8].
Esta ciência é considerada exclusivamente dos muçulmanos, pelo menos em seu início. Ela foi criada para defender as crenças religiosas e suas explicações ou interpretações de forma racional quando surgiu o desvio e irreligião. Através desta ciência, surgiram as grandes escolas filosóficas e assim, surgiu o excelente trabalho dos muçulmanos na interpretação do universo, na descoberta das leis naturais e no entendimento da existência, do movimento e da causa, que contraria o entendimento grego e com o qual os muçulmanos se anteciparam aos filósofos e pensadores modernos da Europa[9].
Talvez a atenção dos teólogos dispensada à reflexão e à razão em sua abordagem levou alguns orientalistas a considerar a ciência da teologia um objeto de inovação no pensamento filosófico islâmico e uma prova da originalidade intelectual entre os muçulmanos. A este respeito, o orientalista francês Renan diz O movimento filosófico real no Islam deve ser procurado nas escolas dos teólogos.[10].
2- O sufismo
O sufismo é considerado um dos campos do pensamento filosófico islâmico. Isso ocorre porque, embora em sua essência o sufismo seja uma experiência espiritual pela qual o sufi passa, o pensamento se mistura com a realidade e a ciência se mistura com o trabalho nesta experiência. Assim, o sufismo não é uma filosofia pura que se empenha no estudo racional e teórico da natureza da existência, com o objetivo de alcançar uma teoria integrada metafísica livre de contradições. Mas o sufismo é uma filosofia especial na vida em que se mistura a paixão com o pensamento, e a mente com o coração, com o propósito de compreender a verdadeira existência. Com base nisso, o sufismo teve opiniões, escolas e teorias que são consideradas fruto da integração de três capacidades humanas a racionalidade, a emoção e o comportamento[11].
Devemos ressaltar aqui que o sufismo é uma ocultação organizada de uma experiência religiosa, seja ela qual for, e de resultados desta experiência na alma do indivíduo que o pratica. A partir desta descrição, o sufismo é um aspecto humano de natureza espiritual que não tem limites de tempo ou de espaço e não é exclusivo de uma nação ou uma raça humana[12].
[1] Veja Yahiya Huwaydi Muqadimah fi-al Falsafah (Introdução à Filosofia) p 22.
[2] Rasa'il Al-Kindi Al-falsafiyah (As Mensagens Filosóficas de Al-Kindi), 1 172.
[3] Yaqut Al-Hamwi Mu'jam Al-Buldan (Dicionário de Países) 7 87.
[4] Veja Abd-al-Munim Majid Tarikh al-hadarah al-Islamiyah fi al-usur al-wustah (A História da civilização islâmica na época medieval), p 220,221.
[5] Al-Ghazali Al-Munqiz min al-Dhalal (O salvador da desorientação) p 101.
[6] Veja Abd-al-Maqsud Abd-al-Ghani Fi al-Falsafah al-Islamiya (sobre a filosofia islâmica), p 22,23.
[7] Veja Hamid Tahir Madkhal li dirasit al-Falsafah al-Islamiyah (Introdução ao estudo da filosofia islâmica) p 21.
[8] Ibn Khaldun Al- Ibar wa Diwan al-mubtada wa al khabar 1458.
[9] Veja Ali Sami Al-Nashar Nash'at al-al-Fikr Falsafi fi al-Islam (O nascimento do pensamento filosófico no Islam) 131, e Abd-al-Maqsud Abd-al-Mughni Fi al Falsafah-al-Islamiyah (sobre a filosofia islâmica), p 24.
[10] Veja Abu Al-Wafa Al-Taftazani Dirasat fi al-Falsafah al-Islamiyah (Estudos em Filosofia Islâmica) p 18.
[11] Veja Abd-al-Maqsud Abd-al-Ghani al-Fi Falsafah al-Islamiyah (sobre a filosofia islâmica) p 25.
[12] Veja Abu Al-Alaa Afifi Al-Tasawwuf al- thawwrah al-ruhiyah fi al-Islam (o sufismo, a revolução espiritual no Islam) p 56.
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